segunda-feira, 24 de outubro de 2011

20 e poucos anos

Alguns dias atrás eu tive um pesadelo terrível. Sonhei que era meu aniversário e que estava completando 42 anos de vida. Entrei em pânico, gritava para minha irmã que não poderia ser, que aquilo estava errado. Eu NÃO tinha 42 anos! Ela tentava me acalmar e docemente dizia que eu realmente não tinha 42 anos, tinha 34. Cada minutos que se passava meu desespero aumentava mais e mais. Afinal, o que estava acontecendo? O mundo todo estava maluco? Como eu poderia ter envelhecido da noite para o dia? Depois de muita loucura, finalmente acordei. O suor descia gelado pelo meu pescoço e meu coração martelava no peito. Olhei ao redor e tudo estava em seu lugar . . .ufa! foi só um pesadelo. E quando deitei novamente a cabeça no travesseiro, uma porrada no meu cérebro me fez pular da cama. Meu aniversário estava chegando e não eu não completaria 42 e tão pouco 34 anos.

Os dias que antecederam meu aniversário, passaram sem que eu pudesse perceber. E antes mesmo que eu conseguisse me acostumar com a ideia de estar um ano mais velha ( e nem um pouco mais sabia) o dia D chegou.
A casa estava cheia. Família e amigos. Todas as pessoas que são importantes para mim estavam ao redor daquela mesa.
Talvez tenha sido a cerveja ou quem sabe a caipirinha, que me anestesiou a noite inteira. E poupou –me da dor de envelhecer. Mas naquele momento, quando apaguei as velas cor de rosa e as luzes se acenderam. Os números não mentiam . . . eu tinha 24 anos!
Como isso aconteceu? Ainda ontem eu era apenas uma garotinha andando por ai com minha camiseta dos ramones. E hoje essas velas maldosas me acusa de estar a 6 anos dos 30. Como cheguei até aqui sem perceber?
Tudo o que sei é que o caminho que me trouxe até aqui foi ardo e longo. Cheio de obstáculos. Mas continuei em frente.
Hoje quando olho para trás, não consigo deixar de me orgulha da pessoa que estou me tornando. E mesmo com o tempo, sempre correndo contra mim. Mesmo os números sempre aumentando e nunca diminuindo em cima do bolo. Eu não posso reclamar. Bato no peito com orgulho e digo alto para quem quiser ouvir . . . sim, eu tenho 20 e poucos anos!


Texto; Thaís Paulino

domingo, 16 de outubro de 2011

Criança adormecida

Quem me derá voltasse aos tempos de outrora, tempos com cheiro de mato em que meus pés sem sapatos vagavam saltitantes em um corredor sem fim.Contava estrelas, acreditava em simpatias, nunca percebia o passar dos dias,colhia flores e plantava alecrins.
Foto: blog beagodoy
Quem me derá voltasse o olhar da inocência sem a rigidez da razão e da ciência que hoje tanto  perambulam  dentro de mim. Dar um abraço, contar os meu passos, brincar de amarelinha, casa, fazer bolinhos de farinha.Ser a mãe da Barbie, assistir tv até tarde, fingir ser um personagem sem ter que usar maquiagem, sem ter que criar um fim.
Escutar o barulho das gotas de chuva que molhavam o telhado, acordar com o canto morrudo das andorinhas, sem o olhar carrancudo da  ansiedade ou  da impaciência.
Fazer pão de queijo no feriado, bagunçar a cozinha, não contar caloria, aguçar o sentido do olfato, comer mais de um prato  ou simplesmente sentir o  prazer que só uma boa comida pode trazer. 
Passear domingo no parque, sentir a imensidão do mundo numa roda gigante.Tirar fotográfias e eternizar num só instante um sentimento ávido de liberdade.
Quem me derá voltasse a confiança, que se sente quando é criança ao  lançar -se nos braços fortes de um pai.
Quem me dererá  se sobrasse apenas as boas saudades, se fizessem uma caixa que trancassem as maldades onde adormecessem apenas os pesadelos ruins. Quem me derá poder despertar todas as crinaças adormecidas que assim como eu cresceram.

Texto: Luana Santana

sábado, 15 de outubro de 2011

Garota da cidade

E mais uma vez lá estava eu a caminho do interior. Eu, a garota da cidade grande, enfrentando uma chuva terrível e morrendo de medo da estrada molhada. Cinco horas, de um medo descontrolado, e finalmente cheguei. Deixando, graças ao bom Deus, a chuva de São Paulo para trás.Tomei aquele banho, fiz amor com meu namorado e dormimos juntinhos. Acordei no dia seguinte revigorada, pronta para um dia tranqüilo e sem preocupações.
O calor é intenso no interior e não há edifício algum para fazer sombra. Eu não sou muito chegada a sol e calor.  Faço parte daquele grupo bastante seleto de pessoas que não ficam bronzeadas, ficam queimas ou vermelhas. Então passei meu bloqueador solar, peguei o óculos escuro, pensei em usar um chapéu ( mas seria muito exagero) e  tudo bem vamos a luta. Começou a chover! OK...nasci, cresci e vivi toda minha vida em São Paulo, sei lidar com chuvas repentinas. Pulei dentro do carro, é claro. Sapatos novos e chuva definitivamente não combinam.
O problema é não tem muita coisa para se fazer no interior, não que eu faca muita coisa em São Paulo, o que acontece é que adoro o barulho e a agitação da cidade. Gosto de saber que, se eu quiser posso encontrar um lugar legal para ir a qualquer horas do dia ou da noite. E quando todos decidiram dormir às 19:00 eu surtei!
Eu lido bem se encontro um Besouro mutante gigante, agüento os bichos que ficam o tempo todo voando, passar repelente a cada duas horas . . . mas dormir cedo assim, só nas minhas noites de muita depressão.
A solução  . . . internet. Gente aqui é o interior não o Azerbaijão, é claro que tem internet. Qual é a primeira coisa a fazer quando se está em uma situação completamente desesperadora? Acertou que disse, entrar no Facebook. Procurei como um cão no deserto buscando água, alguma alma amiga. Todos estavam ocupados com suas vidas. Naveguei por algumas horas até a ficha cair. O que uma garota da cidade faz no interior? A resposta eu honestamente não sei. Apenas desliguei o notebook apaguei as luzes e deitei do lado do cabeludo. Afinal, se está na chuva é melhor se molhar.

Texto: Thaís Paulino