Apesar de a palavra Bullying ser bastante divulgada nos meios de comunicação, poucas pessoas sabem de fato, qual a origem de seu significado e para que serve sua denominação. O termo é derivado da palavra inglesa Bully, e quer dizer ameaçar ou maltratar moralmente e fisicamente uma pessoa. Entre as discursões que surgem sobre o assunto, fica á dúvida: será que as escolas estão preparadas para enfrentar este problema nas salas de aula?
No Brasil, uma pesquisa realizada pela ABRAPIA (Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência) apontou que de 5.875 alunos avaliados em 11 escolas do Rio do Janeiro, 40,5% já se envolveram em casos de violência e xingamentos, sendo que 16,9% eram vítimas, 12,7 agressores e 10,9%eram vítimas e agressores.
Fonte: ABRAPIA 2003
Entretanto o bullying, não ocorre só nas escolas cariocas. A paulista Jéssica da Silva, 16 sabe bem como é ser hostilizada dentro da sala de aula. Logo de cara, seu visual chama á atenção pelos piercings espalhados nos lábios, nariz e alargadores na orelha, a estudante conta que se tornou alvo de alunos, que a xingavam e a humilhavam constantemente: “Eu era chamada de emo, riam de mim e ainda me xingavam, hoje quase não vou á escola virei turista, mudei duas vezes de escola no mesmo semestre”. Outro caso que chegou ao extremo aconteceu com o paranaense * José Carlos, que afirma ter passado por 5 colégios diferentes durante a infância: “ Eu sempre fui gordinho, por isso era zoado de vários apelidos como baleia, bolo fofo entre outros.Eu nunca agüentava e revidava com agressões e sempre ia parar na diretoria. Certo dia meus pais cansados com tudo isso entraram com um pedido na justiça para que eu pudesse estudar em casa’’, conta o estudante que hoje têm 27 anos.
Para professora e psicóloga Vilma Yoko, ‘’as vítimas do bullying já apresentam comportamentos que não são bem vistos pelos grupos e que hoje isso é muito mais presente no convívio social. Um exemplo, é que antigamente os apelidos entre colegas, para alguns, era recebido como normal e para outros tornava-se uma agressão verbal, ou seja, hoje temos uma nova nomenclatura e as conseqüências muito mais desastrosas que podem apresentar sintomas profundos a curto ou longo prazo”. Alguns indícios apresentados pelas vítimas é Timidez excessiva; falta de vontade para ir ao colégio; agressividade; tristeza; ansiedade e baixa auto-estima.
Pessoas que sofrem bullying quando crianças são mais propensas a desenvolver problemas psicológicos como, por exemplo, depressão, não aceitação de si mesmo, distúrbios alimentares (bulimia e anorexia) e tentativas de suicídio quando adultos. Da mesma forma, quanto mais jovem for à criança freqüentemente agressiva, maior será o risco de apresentar problemas associados a comportamentos antisociais em adultos e à perda de oportunidades, como a instabilidade no trabalho e relacionamentos afetivos pouco duradouros.
Será que as escolas estão preparadas?
Na escola onde a pedagoga Marcilene Cristina Fernandes atua existem vários programas anti-bullyng, segundo ela, na rede estadual são oferecidos cursos e treinamentos para que os professores saibam lidar com este problema dentro da sala de aula. Além disso, existem projetos paralelos, onde são exibidos vídeos e palestras aos professores, alunos e coordenadores.
“Após a exibição dos vídeos, o assunto é discutido com os alunos e depois em reunião mostramos os resultados a direção”, conta a pedagoga.
Como os pais devem reagir?
Em relação aos familiares das vítimas é necessário que eles estejam atentos aos sintomas e principalmente é importante que essa criança seja apoiada para que ela não se sinta sozinha ou culpada. Ao descobrir que seu filho está sofrendo com bullying deve-se primeiramente informar a escola, e colocar estas questões junto à coordenação ou direção. Caso a escola não se manifeste, o melhor é procurar outra instituição. Outro fator relevante é a busca por uma ajuda médica, para que se verifique qual é o grau de sofrimento e quais são os prováveis danos psicológicos ou físicos que estão acometendo estas vitimas.
Reportagem:
Luana Santana
Luana Santana